26/05/2018 | Autores: Murilo Trettel - Assistente Técnico Comercial de Corte e Confinamento e João Victor Yamaguchi -Coordenador Técnico - Sudeste
No Brasil, a fase de recria ainda é feita basicamente em regime de pasto com pouco ou nenhum uso de tecnologias. Os animais ficam expostos à sazonalidade da produção de forragens, acarretando em perda de peso em alguns períodos (principalmente durante a seca) e baixos níveis de produtividade.
Para ajudá-lo a manter seus resultados, abordaremos a seguir 5 estratégias para o sucesso da fase de recria em bovinos de corte.
Os primeiros dias da fase pós desmama são um período que necessita um cuidado especial, pois irá refletir no resultado final de desempenho dos animais.
Animais jovens estão em um ponto da curva de crescimento com maior exigência de proteína para o crescimento (fase de maior deposição muscular) e podem ainda não apresentar total desenvolvimento para um adequado aproveitamento de material fibroso vindo de pastagem de baixo valor nutricional. Por isso, é importante disponibilizar pastos com espécies forrageiras de melhores características nutricionais, com menor lignificação e que apresentam maior proporção de folhas em relação a colmos.
A pastagem na época da seca, mesmo com a estratégia do diferimento e boa disponibilidade de matéria seca, é de baixo valor nutritivo, pois apresenta um elevado teor de fibra indigestível e teores de proteína bruta inferiores ao nível crítico, 6 a 7% da MS, limitando o seu consumo e desempenho.
A suplementação proteica e/ou energética, que pode ser utilizada na seca e na época chuvosa, não representa somente o fornecimento adicional de proteína/energia para os animais, mas também aumento do consumo do pasto devido ao melhor aproveitamento da forragem consumida e, consequentemente, o aumento do desempenho.
É de extrema importância a definição clara dos objetivos da suplementação dentro de cada propriedade, pois a adição de nutrientes via suplemento durante a recria pode visar, desde a simples mantença de peso, passando por ganhos adicionais moderados de cerca de 200-300g/dia por animal, até ganhos adicionais de 500- 600g/dia, quando se objetiva reduzir o tempo de recria e otimizar os índices zootécnicos.
Todo o rebanho deve ser submetido a um calendário sanitário adequado e específico para sua categoria. No caso de animais em recria, esse controle ganha uma importância maior devido a fatores de estresse e erros ocorridos no manejo pós desmama, o que torna esses animais mais susceptíveis a determinados agentes.
Por isso, algumas vacinações preventivas são imprescindíveis, como: clostridioses, brucelose (fêmeas de 3 a 8 meses) e aftosa. O controle de ecto e endoparasitas também tem uma grande importância, visando otimizar o desempenho dos animais e reduzir possíveis problemas como a babesiose, que pode ser comum em animais jovens com grandes infestações de ectoparasitas.
Para obter uma recria de sucesso é necessário produzir o maior número de arrobas durante a fase de crescimento do animal, momento em que a conversão alimentar é muito positiva quando comparamos com a fase de engorda por exemplo. Desta forma, quanto mais o animal ganha nesse período, mais barato fica o custo da arroba produzida ao final do ciclo.
E o principal ponto para que haja um desempenho significativo neste período é a constância nos ganhos, ou seja, ganhar peso na seca e nas águas, eliminando o famoso “efeito sanfona”.
Além disso, altas taxas de ganho de peso (resultados da intensificação da recria) exercem grande influência na composição da carcaça dos animais em crescimento. Alguns experimentos indicam que, para um mesmo genótipo, o crescimento rápido do animal provocado por um plano de nutrição intensivo, resulta em maior deposição de gordura corporal quando comparado ao crescimento mais lento, resultando em melhor rendimento de carcaça no abate desse animal.
Para manter a produção contínua de carne durante o período de recria é necessário aumentar os níveis de desempenho e produtividade com o uso de suplementação e aditivos, adequado manejo do pasto e melhoria genética. Essa intensificação do sistema produtivo é de fundamental importância para competitividade e sustentabilidade do setor pecuário.
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