10/03/2018 | Autor: Marcos Sampaio Baruselli - Zootecnista, Gerente de Categoria - Confinamento
De um modo geral, e de acordo com dados do CEPEA / ESALQ - USP, 2017, o custo operacional efetivo - COE de um boi confinado no Brasil pode ser dividido da seguinte forma:
1. Custo de aquisição do animal ....................... 70%
2. Custo com a alimentação do animal.............. 20%
3. Demais custos (fixos, sanitários, etc.) .......... 10%
Deve-se sempre considerar as oscilações de preços que ocorrem de região para região, sendo, o mais recomendado, que cada confinador estabeleça o seu próprio custo de produção, ponderando as variáveis internas e externas ao seu confinamento.
Para ajuda-lo nessa avaliação, vamos falar com mais detalhes sobre cada um dos pontos para influenciam no custo para manter um bovino no sistema de confinamento.
Dados obtidos por ocasião do TOUR DSM-FIRMENICH DE CONFINAMENTO (2017), que avaliou 10 confinamentos em 7 estados diferentes, em parceira com o CEPEA e produtores rurais, mostraram que o custo de aquisição do boi magro oscilou entre 63 a 81 % do custo operacional efetivo.
Esta variação pode ser explicada em função do tipo de animal, raça, sexo e localização geográfica, onde, de um modo geral, observou-se que animais machos inteiros de raças de origem europeia, como Aberdeen angus e Senepol, apresentaram maiores custos de aquisição frente às outras raças.
Importante frisar para o confinador que uma produção própria dos animais a serem confinados ou então uma boa comercialização na hora de comprar o boi magro, são fatores determinantes para reduzir os custos do confinamento e melhorar as margens de lucro do sistema.
Os confinadores brasileiros, de um modo geral, preferem mensurar os custos de produção de um bovino de corte utilizando uma metodologia bastante simples, denominada custo da diária que nada mais é do que o custo em reais por dia para manter um bovino no sistema de engorda em confinamento.
Ao calcular o custo da diária o confinador não leva em conta o custo de aquisição do animal. Considera apenas os custos com a alimentação do animal e os custos operacionais do confinamento.
Para efeito de calculo, observe o exemplo abaixo que tem como referencia o custo médio da diária de um bovino confinado no estado de Goiás – GO no ano de 2018:
Custo da diária de um bovino no confinamento (R$/bovino/dia):
1. Custo com alimentação.............................. R$ 6,70
2. Custos operacionais*.................................. R$ 0,70
3. Custo total/bovino/dia ............................ R$ 7,40
*mão de obra; impostos; óleo diesel; etc.
Nota-se neste exemplo que um bovino submetido à engorda por meio do sistema de confinamento custa ao confinador R$ 7,40 por dia.
Em porcentagem, seguindo o mesmo exemplo, tem-se a seguinte distribuição dos custos da diária de um boi confinado:
4. Custo com alimentação................................ 90 %
5. Custos operacionais*................................... 10%
6. Custo total ................................................... 100%
*mão de obra; impostos; óleo diesel; etc.
Nota-se que a alimentação representa um custo significativo sobre o custo total da diária de um bovino confinado, da ordem de 90%, considerando-se a realidade de um confinamento no Brasil Central.
Este custo depende muito do balanceamento da ração e deve levar em conta o preço e a disponibilidade regional de cada ingrediente. A equipe de Assistentes Técnicos da dsm-firmenich está treinada e capacitada para orientar e auxiliar o produtor rural na hora da escolha dos ingredientes de acordo com sua realidade.
Entre em contato aqui para saber mais informações dos Assistentes Técnicos de sua região.
Já o impacto dos custos fixos sobre os custos totais do confinamento pode variar de acordo com o número de animais, número de funcionários, tipo de instalações e tamanho e quantidade de maquinário utilizado, como misturadores, tratores, balanças, etc.. É sugerido que cada confinador calcule o custo fixo do seu próprio confinamento para por fim estabelecer uma analise financeira mais precisa.
Considerando que no Brasil um bovino permanece em media 90 dias no sistema de engorda em confinamento, realizamos uma breve simulação econômica da origem do custo de um confinamento. No exemplo da tabela 1 tem-se um custo total de R$ 668,38 por bovino por período de 90 dias.
Ingredientes | R$ /Kg | Quantidade (Kg M.O./bovino/dia) |
Silagem de milho | 0,11 | 10,27 |
Milho | 0,53 | 5,02 |
Farelo de Soja | 1,00 | 0,54 |
Caroço de algodão | 0,65 | 1,61 |
Ureia | 1,60 | 0,12 |
Fosbovi Confinamento Crina | 3,78 | 0,30 |
Notas:
1. Custo nutricional da dieta = R$ 6,72 / dia
2. Custo operacional (*) = R$ 0,70 / dia
3. Custo total = R$ 7,42 / dia
4. Custo total / período = R$ 667,80 / 90 dias
(*) Custo operacional: inclui todos os custos operacionais, como luz, água, óleo diesel, mão de obra e também os custos fixos, como depreciação. O custo fixo não varia em função da produção, logo, se nada for produzido, o custo fixo não se altera. São exemplos de custo fixo de um confinamento a depreciação das maquinas e das instalações.
Na simulação expressa na tabela 1 estima-se um Ganho de peso Diário - GPD da ordem de 1,72 Kg / bovino / dia que associado a um rendimento de carcaça – RC de 56%, determina uma produção de 7,35@ no confinamento em 90 dias.
Logo, tem-se o custo da @ produzida no confinamento como sendo de R$ 90,85. Este valor também é conhecido como ponto de equilíbrio, ou seja, valores da @ do boi gordo abaixo deste ponto determina prejuízo no confinamento e acima, lucro.
Custo da @ produzida = custo total no período / @ produzidas
Custo da @ produzida = R$ 667,80 / 7,35 @ = R$ 90,85
Considerando-se o valor da arroba na venda do animal como sendo de R$ 135,00 (com base no estado de Goiás – GO, 2018) tem-se uma receita com a venda das 7,35 arrobas produzidas no confinamento de R$ 992,25.
Logo, tem-se a seguinte situação:
Lucro = receita – custo
Lucro = R$ 992,25 – 667,80
Lucro = R$ 324,45 / bovino confinado / período de 90 dias.
Vale ressaltar que o lucro citado acima de R$ 324,45 / animal refere-se apenas ao lucro direto gerado dentro do confinamento por um periodo de 90 dias, e não leva em conta outros beneficios zootécnicos e econômicos indiretos que o sistema de confinado proporciona, como antecipação da idade de abate, antecipação da entrada de capital, produção de carcaças de melhor qualidade e liberação de pastagens para outras categorias animais.
Isso que permite ao produtor rural produzir mais arrobas em menor area. Este é mais um importante beneficio indireto do confinamento conhecido como “efeito poupa terra”, um conceito diretamente relacionado com a sustentabilidade da produção de bovinos de corte no Brasil.
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