O impacto da biomassa bacteriana e a perda de proteína endógena

As modernas linhagens de aves exigem dietas que permitam o rápido desenvolvimento muscular. Por causa das extraordinárias taxas de crescimento das aves de hoje, até mesmo as pequenas deficiências de aminoácidos podem ter graves consequências. Cada vez mais reconhecemos que a perda de proteína endógena, ou proteína não originária da dieta, desempenha um importante papel neste processo.

A perda de proteína endógena refere-se a qualquer proteína, peptídeo ou aminoácido não originários da dieta que existem no íleo terminal.

Fonte e Significado

Durante o processo digestivo, uma quantidade considerável de proteína endógena é secretada para o intestino. Estas proteínas variam em sua composição de aminoácidos, origem e capacidade de serem degradadas. Importantes fontes endógenas incluem mucina, bile, células epiteliais descamadas e enzimas digestivas. As perdas de aminoácidos atribuídas a estas fontes podem chegar a 10-15 g/kg de matéria seca consumida, ou 1-4 gramas por grama de proteína ingerida.

Os aminoácidos dominantes nas proteínas endógenas incluem glicina, treonina e ácido glutâmico. Ainda que 75-90% destes aminoácidos sejam recuperados antes de saírem do íleo terminal, uma parte deixa o íleo com um custo metabólico significativo tanto em termos de aminoácidos por si só, como de energia líquida.

Experimentos têm mostrado que as perdas podem variar de 2892 kcal/kg para o ácido aspártico até 6740 kcal/kg para a fenilalanina. Por isto, os fatores que afetam o fluxo de proteína endógena também terão uma importante influência sobre a energia digestível.

Biomassa Microbiana e Perda de Proteína Endógena

A biomassa ou proteína bacteriana é uma peculiaridade porque não é endógena nem tem origem na dieta. A proteína bacteriana representa um “sumidouro” contraditório de aminoácidos, que podem sofrer uma alteração considerável em sua composição, causada por processos metabólicos bacterianos, incluindo a conversão de N não proteico em N proteico.

Tabela 1. Composição de aminoácidos (g/100 g aminoácidos) de diversas proteínas endógenas, incluindo as fontes bacterianas.* *Ravindran (2016) e Miner-Williams et al. (2009).

Alguns pesquisadores defendem uma separação da proteína microbiana de outras proteínas endógenas. Isto porque mais de 60% da proteína presente no íleo vem da biomassa bacteriana, o restante sendo formado por mucina, células animais descamadas e enzimas digestivas. Além disso, a composição de aminoácidos da proteína bacteriana é acentuadamente diferente da composição da mucina ou bile. As proteínas da mucina e da bile são dominadas por treonina, serina, glicina, prolina e cistina. Os aminoácidos que se destacam nas fontes bacterianas incluem ácido glutâmico, ácido aspártico e leucina (Tabela 1).

O ácido glutâmico beneficia a partição de energia e a absorção de nutrientes, enquanto que a leucina tem ramificações positivas sobre a deposição proteica. Alterações na recuperação destas diferentes fontes de proteína endógena podem ter importantes implicações na nutrição animal.

Peptidoglicanos Podem Ser Biomassa Relevante

Células mortas e fragmentos de parede celular, também conhecidos como detrito intestinal, constituem a principal fonte de biomassa bacteriana. Cerca de 60% da massa fecal é bacteriana e aproximadamente 30-35% disso são bactérias mortas e não viáveis. A grande maioria destas bactérias (quase 75%) é gram positiva. Até 90% da parede celular das bactérias gram positivas é formada por peptidoglicanos (PGN). PGN é um grande polímero de aminoácidos (como peptido-) e açúcares (como –glicano), peculiares das bactérias.

A proteína de PGN é consideravelmente diferente nas várias espécies bacterianas e contem uma mistura de formas D e L de aminoácidos. Nem todos os isômeros D podem ser usados nutricionalmente. Assim, a quantidade destes detritos pode ter um impacto negativo maior sobre o desempenho do que a presença de isômeros D. Isto porque os fragmentos de bactérias mortas poderiam fisicamente prejudicar as ligações enzima-substrato.

Implicações e Conclusões

A perda excessiva de proteína endógena pode ser reduzida com aditivos, como as enzimas de ração, e com tratamento dos ingredientes que enfraquecem os efeitos antinutricionais. Reduzir estas perdas secretórias significa um ciclo de N mais eficiente. E menos resíduos intestinais poderiam resultar em melhoras na recuperação de N e energia, porque os fatores que interferem com o acoplamento enzima-substrato prejudicam a eficiência digestiva. Reduzir as perdas de proteína endógena e biomassa bacteriana oferece oportunidades únicas para uma maior eficiência em aves de crescimento rápido.

Published on

10 September 2018

Tags

Share

Artigos Relacionados

Share

You are being redirected.

We detected that you are visitng this page from United States. Therefore we are redirecting you to the localized version.

This site uses cookies to store information on your computer.

Learn more